O significado da palavra “adorar” é um dos pontos de grande confusão. As Sagradas Escrituras nos instrui a somente adorar a Deus, então quando falamos ADORAR A DEUS EM MARIA acaba gerando espanto e até mesmo horror nas pessoas, com receio das cair no pecado mortal da idolatria.
Infelizmente a devoção mariana vem, desde a revolta protestante, meio que perdendo força no sentido de se ter cuidado de não exagerar muito no amor a Maria e acabar amando a Ela mais do que a Deus, ou seja, colocá-La no lugar de Deus. Em suma, idolatrá-La e coloca-La em um lugar que não lhe é devido. Isso para o verdadeiro devoto mariano, para aquele que ama verdadeiramente Nossa Senhora, é praticamente impossível. Em outro post falarei sobre isso com mais detalhes.

SOBRE A PALAVRA “ADORAR”
Como comecei afirmando, grande parte da confusão está no significado da palavra “adorar”. Adorar, nas Sagradas Escrituras, é colocar acima de todas as coisas, é prestar culto, colocar tudo que for criado abaixo que estamos adorando prestando culto.
No nosso dia-a-dia usamos a palavra “adorar” de forma muito mais banalizada e isso, de fato, acaba esvaziando e diminuindo o seu verdadeiro significado. “Adorar”, no nosso dia-a-dia, virou sinônimo de gostar muito, talvez até de amar muito (as vezes). Dizemos banalmente que adoramos Fulano ou Cicrano. Dizemos que adoramos viajar. Dizemos que adoramos uma torta de chocolate ou a comida caseira preparada por nossa mãe ou esposa.
Nestes casos bem simples, é muito evidente que não estamos colocando essas coisas no lugar de Deus ou até acima Dele, não é? Mas essa banalização do termo acaba trazendo consequências…
SOBRE VENERAR, ADMIRAR VIRTUDES
Quando o gostar muito, o amar muito, o adorar passa a ser por causa de uma virtude, podemos dizer que admiramos, que veneramos, que reconhecemos o seu valor, as suas virtudes.
Ora! Virtudes são atributos da alma e somente os seres humanos podem ter. Por isso que não veneramos um gato, um cachorro, um cabrito, uma ovelha, um bezerro ou uma vaca. Animais não possuem virtudes, mas instintos e condicionamentos. Reconhecer as virtudes das pessoas e até admirá-la pode ser até sinal de humildade e, reconhecendo que vem da graça do criador, podemos dizer que o Senhor que gerou essa transformação.
É aí que entra a nossa VENERAÇÃO AOS SANTOS, o nosso reconhecimento das virtudes deles, virtudes que devem ser imitadas e que provém daquele que deve ser adorado. Lembra que falei acima que adorar é reconhecer que tudo provém daquele que devemos adorar?
Quando veneramos um santo, quando nos prostramos diante de um santo, estamos reconhecendo as maravilhas que Deus realizou nesta pessoa, criatura humana igual a nós, estamos reconhecendo as suas virtudes e a sua abertura para a ação de Deus em sua vida, reconhecendo a sua abertura e acolhimento a graça que Deus enviou para ele (e que por sinal, deseja enviar a todos nós, mas nós não aproveitamos).
SOBRE CELEBRAR MISSA E MEMÓRIA DOS SANTOS
Quando celebramos uma missa em memória de um santo, não estamos prestando culto ao santo, mas sim prestando culto a Deus agradecendo por ter feito maravilhas e milagres através do santo homenageado, deixando-nos ele como exemplo a ser seguido e como um intercessor no Céu, o que para nós que amamos a Deus é um consolo, pois um santo pode amar e louvar a Deus como Ele é digno de ser amado e louvado e nós, ainda em luta diária com nosso coração de pedra nesse vale de lágrimas, com nossos pecados mais o ofendemos do que o louvamos.
Em suma, estamos prestando culto a Deus, louvando a Deus, por ter realizado maravilhas no santo que estamos celebrando. Então, se adorar a Deus em seus santos não é idolatria, muito pelo contrário, é glorifica-Lo, o que dizer que venerarmos Aquela que o próprio Deus escolheu para ser a Sua Mãe?
O que dizer de ADORAR A DEUS EM MARIA?
DIZER QUE ADORAMOS A DEUS EM MARIA É CORRETÍSSIMO!

Maria é a Cheia de Graça, nas palavras de Deus através do anjo Gabriel. Vou mais longe! Em lugar algum nas Sagradas Escrituras você irá encontrar um anjo saudando (venerando?) alguém como fez com Nossa Senhora: “Ave, cheia de graça” que é uma saudação messiânica. Vou mais longe ainda… Ela não é apenas “cheia de graça”, Ela é PLENA DE GRAÇA. Toda graça possível Deus derramou em Nossa Senhora. Deus, o onipotente, concedeu a Nossa Senhora a plenitude da graça, a perfeição da graça, a totalidade da graça, a completa realização da graça e por isso dizemos que ela é a obra prima do criador.
Espera, Fernando, mas isso não foi em Jesus?
Jesus é o próprio Deus. Faz algum sentido Deus conceder graça a Ele mesmo? Ela já é a própria perfeição, precisa de mais nada e nada mais tem a receber, até o amor que nós damos a Ele é o amor que ele nos dá, nós acolhemos e amamos Ele de volta. Nossa Senhora é a correspondência perfeita a esse amor divino.
Deus realizou todas essas maravilhas em Nossa Senhora justamente para demonstrar o seu poder, a sua glória, a sua bondade, a sua misericórdia, o seu amor e se encarnar nisso tudo. Não reconhecer essas coisas em Maria, é não reconhecer que Deus pode realizar isso nas criaturas. É limitar o poder de Deus. Tudo o que Deus realizou em Maria foi tendo em vista Jesus, a encarnação do Verbo.
Só o fato do próprio Deus ter derramado em Maria a plenitude da graça, tendo em vista a encarnação do Verbo, enriquecendo-A com todas as virtudes em plenitude e, principalmente, a correspondência de Maria a isso tudo, já a coloca em um lugar diferenciado.
Os antigos adoravam a Deus presente na Arca da Aliança. Jesus, Deus, habitou o seio de Maria (e ainda habita em plenitude no seu coração) e por isso também a chamamos de Arca da Aliança. Hoje, adoramos a Jesus presente nos sacrários das Igrejas Católicas espalhadas pelo mundo. Maria, mais do que em qualquer outra criatura, tem o próprio Jesus em seu coração constantemente e, por isso, também a chamamos de Sacrário Vivo.
Então, não tem erro! Não só podemos, como devemos não apenas venerar Nossa Senhora por suas virtudes perfeitas, mas muito mais do que isso, podemos ADORAR A DEUS EM MARIA, pois o Senhor fez nela maravilhas e Ela será proclamada Bem Aventurada por todas as gerações e nações.
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